O ordinário conceito de “crise”, está ligeiramente afastado do estado de expansão em que se encontra o mercado de luxo.
Após uma retracção no consumo destes produtos, quando se começou a falar da crise financeira (2008), o segundo semestre de 2009 apresentou uma recuperação significativa do consumo, a crescer até agora. Calcula-se que 2011 será o ano que recuperará os valores de 2007. Assim, continua a existir uma franja de clientes considerável que mantém este segmento a gerar receitas elevadas.
Uma questão que se coloca é se o dinheiro vindo de Angola tem contribuído para o desenvolvimento e sustentabilidade deste mercado em Portugal. Analisa-se que tem algum peso nas vendas, com um poder de compra que vale cerca de 30% da facturação das marcas de luxo. Contudo, temos em atenção que podemos contar pouco com a fidelização destes consumidores, numa lógica geográfica. Angola fica a quatro horas do Dubai e a oito de Lisboa. Uma opção fácil, pois o tempo é o luxo supremo, mas a língua também é bastante importante. Aqui debruçamo-nos sobre um enorme problema: São Paulo também está a quatro horas de voo de Angola. Se o Brasil alterar a sua fiscalidade (imposto de entrada), Portugal deve deixar de contar tanto com os angolanos. Paralelamente analisa-se este problema a nível internacional, e verifica-se que as fortunas criadas na Rússia e nos países emergentes têm tido um importante papel neste segmento.
Na sequência do tema Crise, Milton Pedraza – Presidente do Luxury Institute – afirma que “é de mau gosto, hoje em dia, consumir luxo de forma exuberante e exibicionista”, verificando-se esta tendência na discrição que a classe alta tem com o consumo de luxo. Para estes, o luxo é mais uma forma de status e prestigio. Usam sem o objectivo de ostentar, apenas para aquisição de prazer e satisfação de uma necessidade da alma. Ao contrário da China, por exemplo, onde as marcas têm de se ajustar e criar produtos com grandes logos para uma identificação rápida do produto.
Cria-se o luxo com uma necessidade inatingível, e neste patamar a racionalidade não funciona, é simplesmente ultrapassada pela emoção.
A ideia de que este mercado está a sofrer com a situação económica do Mundo, é uma falsa questão. Está em crescimento, apenas tem-se alterado o estilo de consumo e o tipo de clientes, obrigando a uma adaptação por parte do Gestão, ao nível mundial.
Fontes:
- LIMA, Maria João e PINTO, Maria João. Como o Luxo continua a crescer. Marketeer, Dezembro 2010, n.º 173.
- LIMA, Maria João e PINTO, Maria João. Como o Luxo continua a crescer. Marketeer, Dezembro 2010, n.º 173.
- CRAVEIRO, Catarina. Luxo, vendas sobem em Portugal. JN Negócios, Julho 2010.
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